segunda-feira, 6 de julho de 2009

para falar dos cães

Eu brincava sozinho, às vezes com a Pantera Terceira, minha pastora-alemã treinada, era o máximo, ninguém mexia comigo – nem com ela. Em seguida, tive uma doberman amalucada, Pitusca, a doberman mais sem noção e agitada que eu já vi, mas também muito obediente. Esses nomes horríveis foram ideia do meu avô, mas os nomes nunca importaram muito, eu adorava cachorros, eles eram meus companheiros e protetores. Definitivamente, eu era do time dos cães.

De fim de semana minha rua parecia um parque, molecada soltando pipa e jogando bola, as meninas andando de bicicleta e fazendo coisas de meninas... Meus tios sempre foram mais como meus irmãos mais velhos, e o negócio deles era carros. Juntava ele e os filhos dos vizinhos - praticamente todos da mesma idade - e ficavam lá, lavando carro, falando de namoradas e besteiras. Eu, esperto, ficava sempre rondando ouvindo as conversas e tomando notas mentais para daqui uns anos. Pelo menos, é assim que eu me lembro de tudo.

Quando a Pantera morreu, ninguém me contou. E, naquela época, eu nunca soube direito o que é a Morte, só que ela rondava por aí - e por lá, na minha casa. Ela era super educada, comportada e obediente, mas na rua precisava de coleira, "por precaução", diziam. Eu gostava de amarrar os cachorros na bicicleta ou de passear de patins porque eles me levavam ao máximo de adrenalina que um garoto com menos de 10 anos pode ter.

Certa vez eu estava com a Pantera passeando numa tarde ensolarada de fim de semana como sempre, e apareceu um gato na esquina. Ela correu tão desesperadamente na direção do gato que me levou junto e tive que soltar a coleira antes que ela arrancasse meu braço. A rua inteira parou para olhar e meus tios correram pra segurar a cã. Ela estraçalhou o gato, deixando só o resto da carcaça largada na rua. Eu só fiquei parado olhando assustado enquanto tudo acontecia. Até hoje não sei se soltei de propósito ou se a força dela maior que a minha prevaleceu. Depois disso, ficamos um tempo sem sair pra rua.

2 comentários:

  1. uau (au) me suspreendi com o final - não tanto como vc diante da força e instinto dela. ..mas jurava que teria um final mais tranquilo essa história.

    - e depois de presenciar isso, vc pensava que a morte era o que?

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  2. Eu ainda acredito que a força dela tenha sido maior que a tua.

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